Entenda como o paladar infantil é formado

Genética, estímulos ambientais, idade, método de introdução de alimentos, cultura e a dieta dos pais e da restante da família são os fatores que mais influenciam o desenvolvimento do paladar infantil e explicam porque é tão difícil fazer com que os pequenos comam brócolis. Apesar de difícil, essa tarefa não é impossível e fica mais fácil se você entende mais sobre como seu filho sente o gosto dos alimentos.

Mas afinal, como o paladar infantil é formado e o que fazer para que a criança goste de alimentos saudáveis? Vamos explicar tudo aqui neste post. Confira!

Ambiente intrauterino e amamentação

Apesar de entendermos corretamente o mecanismo como isso acontece, a formação do paladar da criança inicia ainda no útero da mãe.  Pequenas quantidades de gordura, carboidratos, proteínas e outras moléculas provenientes da alimentação da mãe chegam ao líquido amniótico e são engolidos pela criança, fazendo com que se torne familiarizada com alguns aromas e sabores ainda no útero. Assim, elas já nascem com uma preferência pelos aromas e sabores adocicados e já reconhece aqueles azedos e amargos— o mesmo ocorre com o leite materno durante o período de amamentação.Já a formação das papilas sensíveis ao sal se formam apenas a partir do 3º mês de vida. 

Fatores genéticos

Alguns genes alteram a formação das papilas gustativas e tornam-nas mais ou menos sensíveis para alguns sabores. Uma pesquisa do Monell Chemical Senses Center, publicada em 2005, mostrou que o gene responsável pela codificação de um receptor para o sabor amargo, altera a sensibilidade a esse sabor, dificultando o consumo de vegetais e legumes nos primeiros anos de vida. No entanto, é possível trabalhar esta percepção através de diferentes combinações de ingredientes e formas de preparo. 

Introdução de alimentos

Com o início da alimentação complementar,  após meses ingerindo apenas sabores levemente adocicados, a criança passa a ter contato direto com os diversos sabores e texturas dos alimentos. Optar por alimentos naturalmente adocicados, como cenouras e batatas, pode facilitar o processo e adaptação da criança.
À medida que os alimentos novos são inseridos, é importante ter paciência e entender que a criança ainda está aprendendo a reconhecer estas novas sensações e que, assim como acontece com as demais habilidades, a educação sensorial também é necessária. Mas, para conseguir  atingir a habituação do paladar, é necessário usar a criatividade para que ela aceite o primeiro contato com o novo e, depois, criar novos contextos e preparos para que experimente o que não gostou em outra ocasião. 

Idade

Nos primeiros anos de vida precisamos aprender a distinguir os sabores. Em crianças de 8 até 10 anos de idade, ainda existe uma preferência pelo sabor adocicado e, durante a adolescência, ocorre uma mudança importante na percepção dos diferentes sabores, com tendência a uma alimentação composta por sabores mais diversificados.

No entanto, muitas crianças acabam criando aversões aos alimentos que foram motivos de briga e stress emocional durante a infância, prejudicando a melhoria da alimentação que deveria ocorrer naturalmente com o passar dos anos. 

Estímulos ambientais

Além do sabor em si, o paladar é influenciado pelo cheiro, pela aparência, pelas expectativas e por todo o contexto do alimento. Isso significa que alimentos preparados da mesma forma e com o mesmo sabor final podem parecer mais apetitosos quando são oferecidos à criança em pratos coloridos, dispostos de forma divertida, em um ambiente agradável ou mesmo quando a criança esteve envolvida em seu preparo. Todos esses fatores podem ser essenciais para garantir uma alimentação mais saudável durante a infância.

Uma curiosidade: os bebês, mesmo prematuros, instintivamente reagem ao sabor doce com sucção (para mamar) e relaxamento da face, enquanto os sabores azedos e amargos acarretam em um reflexo faríngeo (ânsia de vômito), contração facial e, ainda, choro, mesmo no primeiro contato. Portanto, nada de se desesperar com reações que reflexos naturais do ser humano.  

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Edição: Francielly Kirchner Caobianco
Nutricionista CRN 2180

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